Eu não ganhei o Jabuti, mas estou feliz por isso. Não havia
contado isso antes? Eu estava entre os finalistas do Prêmio Jabuti deste ano,
na mesma lista que Ziraldo, Hiratsuka, Stella Maris, Ruffato (parabéns pela
vitória!) e tantas outras feras que admiro! E por que estou feliz por não ter
ganhado? Não quero, agora, dizer o bordão de que estar entre os finalistas já
foi uma vitória. Não, a verdade é que eu perdi... e estou feliz por isso.
Foi um
mês de espera desde que a lista saiu e o resultado foi proclamado. Durante esse
período, vi o meu nono livro nascer (Contos do Sol Renascente), dei palestras
em várias escolas (e quanto carinho recebi no Colégio Ciclo, Magalhães Bastos, Moura Abud), workshops de criação poética (SENAC e SESI),
aulas na minha oficina de criação literária (Casa da Cultura). Ganhei outros prêmios, tive vários
textos publicados em antologias, assinei um contrato para publicação de um
texto em livro didático, tive um livro selecionado para publicação e ganhei uma
bolsa de criação literária. Ainda participei de vários encontros literários especiais, como no Rio com os amigos de CL, em Taubaté (Casa Cultura), e em
Jundiaí, com os amigos da minha oficina de Criação Literária. Participei do FIB
(Fórum de Integração Bunkyo) onde pude falar um pouco sobre a minha paixão
literária, fazer o pré-lançamento do meu livro e interagir com pessoas
incríveis. E recebi em casa vários livros de amigos escritores (Vivian de Moraes, Lilian Guinski, Odemir Tex, Sidclei Nagasawa), todos carinhosamente autografados!
Foi um mês em que nem tive tempo de me dedicar ao mundo virtual, porque a
realidade estava tomando todo o meu tempo. As palavras deste mês foram traçadas
por sorrisos e abraços de verdade.
Eu não
ganhei o Jabuti, mas fui ao lançamento do primeiro livro (Junte os meus cacos) de uma garota de 16
anos (Glaubia Lisane) e me deparei com o meu nome abrindo a página de
agradecimentos, só porque ela disse que minha palestra, na semana literária da
escola dela (Magalhães), a inspirou a acreditar em seu sonho de se tornar uma
escritora.
Eu não
ganhei o Jabuti, mas dei palestra para o filho do meu amigo Ricardo Serapião,
que vibrou quando descobriu que a escola do filho havia adotado o meu livro (O
pequeno samurai).
Eu não
ganhei o Jabuti, mas vi o filho Miguel dos amigos Raquel e Odisael (que família
de rimas) abraçar o primeiro livro da vida dele (e o livro era meu! o título? –
Jabuti sabe voar? – muito próprio, não acham?).
Eu não
ganhei o Jabuti, mas vi minha querida aluna Carla Mirela, da oficina de criação
literária, vencer o seu primeiro concurso literário, com um texto belíssimo,
que tive o prazer de ler antes da premiação, orgulhoso por ter lido um grande
texto.
Eu não
ganhei o Jabuti, mas por que estou feliz por isso? Eu não sei! Pode soar como
uma grande mentira (e talvez seja), mas a verdade é que eu chorei quando soube
que estava entre os finalistas e sorri quando soube que não havia ganhado no
fim. E eu não sei se estou louco, mas não consigo ficar triste por não ter
ganhado o Jabuti, esse pequeno quelônio tão almejado por nós, escritores.
Mas acho
que estou feliz mesmo porque se eu tivesse ganhado o Jabuti talvez, erroneamente,
eu acreditasse que a minha felicidade vinha deste fato: de ter ganhado o maior
prêmio literário do Brasil. Isso seria triste, porque eu acreditaria em uma
mentira. Minha felicidade é outra. Estou feliz porque neste mês eu vi crianças
apaixonadas por poesia, vi meus amigos lançando livros, vivi encontros
literários, vi os filhos dos meus amigos com os meus livros, uma garota
lançando o primeiro livro, minha aluna ganhando o primeiro prêmio, vi tanta
gente querida torcendo por mim! E, sobretudo, até vi o meu pai escrevendo um
poema!
Ah! Se eu
tivesse ganhado o Jabuti, talvez eu não percebesse que a minha felicidade não
vem de prêmio algum, mas é o próprio prêmio que eu recebo a cada dia em que eu
descubro que valeu a pena ter me tornado um escritor!
Jabuti, eu
ainda te quero, mas não tenho pressa, assim como você. Hoje, só quero ser feliz,
não por ter ganhado um prêmio, mas por ter perdido... o medo de perder. Como é
bom saber que, quando se é o que se quer ser, até quando se perde é possível
ser feliz!
Muito obrigado!!!
10 comentários:
Caro André, quantas vitórias, meu bom! Fiquei emocionado ao ler sobre suas recentes experiências com o meio literário, com seu mergulho nesse calor humano que faz tudo valer a pena. Orgulhoso demais de você, rapaz. Parabéns pela determinação, coragem e inegável espírito aventureiro!
Fez até um vídeo!!!
Parabéns André, pela linda trajetória que já percorreu, porém, há muito caminho ainda e estaremos acompanhando e torcendo sempre por seu sucesso! Abraços!
Parabéns Andre por tudo isso e que venham muito mais realizações e prêmios.
Parabéns Andre por tudo isso e que venham muito mais realizações e prêmios.
André, você já é um vencendor!!!
Parabéns André! Sou da direção do Gabinete de Leitura Ruy Barbosa, de Jundiaí, e gostaríamos de recebê-lo lá uma dia desses para um bate-papo com nossos associados. Vc acha que é possível? Se puder,vamos conversar? Meu e-mail: renatacortemartinho@gmail.com. Obrigada!
Caro Emerson, obrigado! Aguardo o lançamento do seu livro! Parabéns e sucesso!
Sibele, fiquei feliz com o convite. Muito obrigado!
Eritania, muito obrigado!
Oscar, obrigado pelo apoio! Fiquei muito feliz ao ver você vencendo o Jabuti, com o maravilhoso "Nihonjin". Realmente, inspirador!
Renata, muito obrigado pelo convite! Claro que é possível. Será um prazer!
Muito obrigado a todos!
Gláubia Lisane.. Conheço essa moça incrível!
Tive a oportunidade de ler alguns rascunhos do livro... Achei realmente incrivel!
Fiquei super feliz de ela ter conseguido produzir e lançar o livro dela :D
Menino, que texto lindo... Com efeito, as nossas pequenas conquistas - tão significativas, cada uma delas, porque contribuem para o todo - são o que nos dão a certeza de estarmos no caminho certo, malgrado qualquer reconhecimento formal que ainda não tenha acontecido. No seu caso, meu querido, pode aguardar que é certo chegar, pois seu talento é imenso e merecedor. Um abraço grande de uma contadora de estórias e admiradora sua que teve a grande felicidade de narrar uma de suas estórias.
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