sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A caravana da ilusão

"A caravana da ilusão chegou à Chapada dos Guimarães. Um velho jipe Rural estacionou em frente à igrejinha de Nossa Senhora de Santana. A porta abriu e uma companhia de atores mambembes saltou. No capô do velho jipe empoeirado um cartaz com o nome da peça a ser apresentada: "A caravana da ilusão", do mestre Alcione Araújo. E atrás dessa caravana, eu fui". (Além do Horizonte, pag 97)




Naqueles dias em que meu lar era uma barraca no mato, em uma praça de uma pequena cidade, conheci Alcione Araújo. Não o autor, mas a sua obra. Estava perdido, assim como os personagens de sua peça diante de uma bifurcação:

"Qual dos dois caminhos seguir?"

"Pergunte, então, qual dos três. Há também o caminho de volta..."

Como eu queria voltar no tempo, para mudar algumas coisas de meu passado. Mas eis que a Caravana da Ilusão me aponta o caminho:

"Para trás já conhecemos tudo"...

É preciso seguir em frente. Esta mensagem, naquele difícil momento de minha vida, surtiu um efeito tão grande que fez o meu sonho de me tornar escritor crescer ainda mais dentro de mim. Se eu pudesse escrever algo que um dia tocasse o coração de alguém, como Alcione Araújo havia feito comigo naquele momento, eu saberia que viver o meu sonho teria realmente valido a pena.

Cinco anos depois, como eu poderia imaginar que eu me sentaria à mesma mesa que o mestre Alcione Araújo? Sonhos são possíveis. Alcione me cumprimentou, como se eu fosse um escritor. Talvez eu fosse, talvez eu seja, mas o que realmente importa é que ele me convidou para viajar, em sua caravana da ilusão poética.




Muito obrigado, mestre Alcione Araújo! Que a sua caravana prossiga, além do horizonte...






sábado, 10 de novembro de 2012

Gratidão


Neste ano, que já está chegando ao fim, relembro os meses que se passaram com um sorriso de gratidão ainda presente. 
Anteontem, fui premiado em Ponte Nova-MG e hoje, estou sendo premiado em Fortaleza-CE. Como gostaria de poder comparecer a todos estes eventos! Infelizmente, às vezes, apenas minhas palavras podem comparecer... Eis abaixo duas mensagens que foram lidas durante as cerimônias de premiação, que gostaria de compartilhar não apenas com a ALACE e a ALEPON, mas com todos os organizadores de premiações literárias pelo Brasil afora! Obrigado a todos!





Agradecimento à Academia de Letras e Artes do Ceará

Gratidão. Escrevi em minha crônica, agraciada neste II Concurso Nacional da Academia de Letras e Artes do Ceará, que minha querida avó havia me ensinado que o caminho da felicidade é o caminho da gratidão. Não poderia haver ocasião melhor do que esta para constatar que isso é verdade. Sinto-me extremamente grato a todos da ALACE. Sinto-me extremamente feliz.
A gratidão se estende a todos os que promovem concursos literários: academias de letras e artes, prefeituras, universidades, sites e blogs, institutos culturais e todas as pessoas que se dispõe, assim como a ALACE, a valorizar a cultura das letras. Não fossem os concursos literários, talvez o meu maior sonho teria morrido. Cogitava desistir do sonho de me tornar escritor, por entender que seria preciso pagar contas, sobreviver. Dei a mim o ultimato: ou ganhava algum dinheiro com a escrita até o fim de 2009 ou eu a abandonaria. Foi então que ao final daquele ano, em um concurso literário de minha cidade, ganhei a minha primeira remuneração por minhas letras. A partir de então, continuei firme e hoje não apenas sobrevivo, mas vivo da literatura.
Digo que vivo, pois a experiência da escrita me leva a viver intensamente. No mês passado, retornei de uma peregrinação literária, em que percorri 10 mil quilômetros em busca das paisagens que inspiraram meus autores norte-americanos preferidos. Tal emoção só foi possível graças a um prêmio literário que recebi da UNIFOR, por um livro de poesias, que foi publicado pela universidade como parte da premiação. E creio que este é um prêmio maior do que o monetário, proporcionar que as palavras de um escritor sejam semeadas, para que os leitores as colham com a leitura. Portanto, Fortaleza e o Ceará já estão acostumados a me proporcionar largos sorrisos de gratidão.
Pela realização deste sonho literário, sou grato a tantas pessoas: à minha família, à minha musa-esposa, aos amigos. E não me importa se quem não me conhece continua a perguntar a minha profissão após revelar que sou escritor... Ou se continuam a se espantar ao descobrirem que moro em um pequeno quarto desativado de asilo, cedido gratuitamente por um amigo, para que possa me dedicar ao ofício de ser escritor. Não tenho carro, moto,  roupas de marca, smartphones, qualquer luxo. Para mim, basta ter a imensa felicidade de poder ser grato a tantas pessoas, não por ter o que tenho, mas por ser o que sou: um escritor feliz.
Por isso, mais uma vez, o meu muito obrigado a todos que incentivam a cultura, colhendo gratos sorrisos, como o que estou a sorrir enquanto escrevo isto: Muito obrigado!        
                                                                                                 
André Kondo (São Paulo, 10/11/2012)




Agradecimento à Academia de Letras, Ciências e Artes de Ponte Nova


Agradeço pela alegria de ser um dos agraciados com o Prêmio “Professor Mário Clímaco”, ao mesmo tempo em que peço desculpas pela minha física ausência.
Queria ir a Ponte Nova. Queria abraçar cada acadêmico da ALEPON, cada ponte-novense. Na verdade, ainda quero. Por isso, tento fazer isso com palavras.
Em 2006, como andarilho, caminhei pelas estradinhas de Minas. Naquela época, sem um centavo no bolso para gastar, encontrei o carinho mineiro. Fui acolhido durante a tempestade, adocei minha boca e minha alma com os doces oferecidos pelo caminho. Ao fim de minha jornada, escrevi um livro. Sei que, ao não ir a Ponte Nova nesta noite especial, deixarei de sentir mais uma vez o ar de Minas e o abraço mineiro. Mas, não me entristeço, pois ao saber que minhas palavras foram lidas em Ponte Nova, sinto-me um pouco presente aí com vocês. Creio que esta é a magia celebrada hoje à noite... Uma noite em que palavras se transformam em pontes, que unem pessoas que estão fisicamente distantes, mas que sonham o mesmo sonho repleto de letras, que a todos aproximam em um grande abraço.
Muito obrigado!

André Kondo (São Paulo, 08/11/2012)