Eis o livro:
Prazer, sou “Causos e Lendas do Porto Novo”.
Apresentar
um livro como este não se faz apenas com palavras, mas vou tentar. Queria mesmo
é oferecer uma caneca de bom café e um dedo de prosa na beira do rio, que assim
é que se apresenta um bom livro de causos e lendas. E teria que ser no Porto
Novo!
Eu mesmo já
morei por essas bandas, e comecei a escrever meus próprios causos por aí. Tive
o prazer de declamar poesia com o Maurício Poeta na praça Cândido Mota e de me
emocionar com a performance do Caddu no Teatro Mário Covas. Acho que eles não
se lembram, talvez até pensem que isso é lenda, mas é verdade. Agora, nos
reencontramos nestas páginas: eles contando bons causos do nosso povo e eu só
abrindo os olhos com mais curiosidade, como deve ser um bom encontro caiçara.
Também já
tive a felicidade de contar meus causos para as crianças e jovens de Caraguá,
nas escolas e durante a grande festa da 2ª Feira Literária de Caraguatatuba
(FLIC). Não há momento mais mágico do que este, em que as palavras se libertam
e viram histórias. Nunca me esquecerei desta emoção! Aproveitando, vou até contar
um causo de assombração.
Certa vez,
quando viajava a pé por Minas, acabei dormindo em uma capelinha na beira da
estrada de terra. Já era madrugada quando ouvi passos. Seria assombração?
Acordei, ainda meio enrolado no saco de dormir, e fui dar uma espiada. A porta
da capelinha rangeu e eu vi, lá fora, um bêbado. Cadê a assombração? A
assombração era eu, porque o bêbado pensou que eu fosse alma penada, fez o sinal
da cruz e jurou por Nossa Senhora que nunca mais ia beber. Saiu correndo
estrada afora, parecia até sóbrio! Com certeza, no dia seguinte, deve ter
contado pra todo mundo sobre a “assombração da capelinha”.
Contei este
causo pra mostrar que, quem sabe, nossa vida real não vira uma boa lenda? Afinal,
toda lenda tem um fundo de verdade e toda realidade, um pouco de mentira, só
pra vida continuar essa beleza que é... E vamos aos causos e lendas do Porto
Novo, que é por isso que estamos aqui!
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